A mordedura que cura
A comunidade científica está desvendando o potencial médico da peçonha.
A peçonha é a substância que escorre dos dentes e ferrões de criaturas. É a assassina mais eficiente da natureza. Foi requintadamente aperfeiçoada para imobilizar o corpo da vítima.
Este líquido complexo está repleto de proteínas e péptidos tóxicos, cadeias curtas de aminoácidos, ou “miniproteínas”. Estas moléculas podem ter diferentes alvos e efeitos, trabalhando de forma sinérgica. Algumas atingem o sistema nervoso, paralisando-o através do bloqueio da transmissão de mensagens entre os nervos e os músculos. Outras destroem moléculas para que as células e os tecidos colapsem. A peçonha pode matar coagulando o sangue e provocando paragem cardíaca, ou impedindo-o de coagular e desencadeando uma hemorragia mortal.
Todas as peçonhas têm multitarefas. A diferença entre a peçonha e o veneno é que a peçonha é inoculada ou introduzida nas vítimas através de órgãos especializados para o efeito, ao passo que o veneno é ingerido. Dezenas ou centenas de toxinas podem ser transmitidas numa só mordedura, algumas com funções redundantes e outras com funções bastante singulares. No processo evolutivo, a aquisição de armas de defesa e de ataque por presas e predadores é constantemente ajustada. As combinações drasticamente potentes podem dar resultado: imagine que administra veneno a um adversário, esfaqueando-o em seguida e acabando por dar-lhe um tiro na cabeça. Isto é a peçonha em ação.
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