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segunda-feira, março 08, 2010

                                              ENCURTANDO CAMINHO
Pela primeira vez na história, navios cargueiros fazem pelo Ártico a rota entre a Ásia e a Europa. A proeza é uma triste consequência do aquecimento global. Essa redução de 5200 km representa muito para poucos. Mas quanto todos nós pagaremos por isso?

(*) No traçado vermelho, a distância entre Ulsan/Coréia e Roterdã/Holanda, passando pelo Nordeste. Distância 14800 km. Duração da viagem: 60 dias. (*) Distância (em preto à dir.) entre Ulsan e Roterdã (via Canal de Suez): 2000 km. Duração da viagem 70 dias.
O triunfo humano sobre as forças da natureza é, desta vez, um triste sintoma da saúde do planeta. Dois cargueiros alemães estão prestes a se tornar os primeiros a navegar por inteiro a Passagem Nordeste, como é conhecido o trajeto via Ártico entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Essa rota marítima mais curta entre a Europa e a Ásia sempre foi um risco no mapa impossível de ser navegado. Durante o verão, quando a camada de gelo da calota polar se retrai, somente comboios liderados por navios quebra-gelo trafegam pela imensa costa russa – e apenas por trechos curtos. Essa situação já tem data marcada para acabar. Salvo algum contratempo imprevisível, os dois navios, que já ultrapassaram os trechos mais difíceis, devem completar a viagem até o fim do mês. E aqui está a má notícia: a proeza dos cargueiros alemães só foi possível devido ao encolhimento progressivo da calota polar do Ártico, provocada pelo aquecimento global.A temperatura no Ártico aumentou 2 graus no último século, o dobro da média mundial. O resultado é uma espiral de derretimento que reduziu a camada de gelo permanente em 40%. "Quanto menor a área congelada, menor a capacidade de reflexão dos raios solares. Ou seja, à medida que a área gelada diminui, a região absorve mais calor, aumentando a temperatura e acelerando o derretimento do gelo", diz o glaciologista Jefferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que já participou de três expedições ao Ártico. Em 2007 e 2008, a superfície congelada foi reduzida ao menor tamanho já registrado. A camada de gelo também está mais fina: sua espessura encolhe, em média, 17 centímetros por ano.
Toda a fauna adaptada ao clima único da região está ameaçada. As focas criam seus filhotes durante as primeiras semanas em placas de gelo flutuantes, para que acumulem gordura suficiente antes de se aventurar pela água gelada do mar. Alie-se a essa situação a falta de espaço para caçar. O degelo precoce dos glaciares pode resultar na separação prematura desses filhotes, diminuindo suas chances de sobrevivência. Estudos preveem que, devido à diminuição de seu território de caça, a população de ursos-polares estará reduzida a um terço da atual até 2050. Morsas, renas e baleias típicas da região também sofrem com os efeitos da mudança climática. Mas o impacto do derretimento dos polos não se limitará aos rincões frios do planeta. As calotas polares ajudam a manter o clima global ameno e alimentam as correntes marítimas, que redistribuem o calor pelo planeta. A Groenlândia, um imenso reservatório de água doce congelada, contribuiu sozinha para 20% do aumento do nível dos oceanos no século passado.
O paradoxo do aquecimento é que, conforme o gelo derrete, o Oceano Ártico se abre à navegação e viabiliza a exploração de riquezas até então intocadas. Estima-se que a região concentre 13% das reservas de petróleo e 30% de todo o gás natural do planeta. Cinco países que fazem fronteira com o Círculo Polar Ártico (Estados Unidos, Canadá, Rússia, Noruega e Dinamarca) disputam o controle desses recursos.

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